(para você, A.C., temerosa, rosa, azul-celeste)
Pirataria em pleno ar.
A faca nas costelas da aeromoça.
Flocos despencando pelos cantos dos
lábios e casquinhas que suguei atrás
da porta.
Ser a greta,
o garbo,
a eterna liu-chiang dos postais vermelhos.
Latejar os túneis lua azul celestial azul.
Degolar, atemorizar, apertar
o cinto, o senso, a mancha
roxa na coxa: calores lunares,
copas de xampã, charutos úmidos de
licores chineses nas alturas.
Metálico torpor na barriga
da baleia.
Da cabine o profeta feio,
de bandeja.
Três misses sapatinho fino alto esmalte nau
dos insensatos supervôos
rasantes ao luar
despetaladamente
pelada
pedalar sem cócegas sem súcubus
incomparável poltrona reclinável
_____
Ana Cristina César, Cenas de Abril, 1979.
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